Aparentemente desapareceu do noticiário da mídia a Villa Santo Aleixo, patrimônio histórico situado na rua Emilio Winther, próximo à praça de Santa Terezinha, em Taubaté. Assunto amplamente debatido, a vila esteve ameaçada de ser transferida para a iniciativa privada – uma construtora – e teria sido usada como saguão de entrada de um edifício de apartamentos, restringido a visitação pública. Um verdadeiro sacrilégio. De parabéns está a Câmara de Vereadores que ao impedir a destruição do marco originário do ciclo cafeeiro, possibilita a sua preservação. Igualmente, o grupo ligado a cultura que, em boa hora, acionou a Defensoria Pública que ingressou com ação cível de número 1.186/09 que tramita na Vara da Fazenda, que pugna pela preservação e conservação do centenário solar. Atualmente semi-abandonada, a singular arquitetura da época imperial, deve servir de livro aberto aos estudantes, estudiosos, pesquisadores e ao público em geral, retratando a época do “ouro verde” que no Vale do Paraíba revestiu-se de significação. Em 1.900 o município de Taubaté chegou a ser o maior produtor de café do Brasil, grande parte para exportação. Ainda em 1.906 houve o chamado convenio do café, cujo documento foi assinado pelos governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no magnífico sobrado já demolido, na esquina das ruas Visconde do Rio Branco com Bispo Rodovalho, onde hoje se situa a agência da Caixa Econômica do Estado. Á parte dos marcos históricos, congratula-se com o município de Pindamonhangaba que vem restaurando os seus monumentos do ciclo cafeeiro, com a preservação e a conservação dos palacetes dos barões do café, localizados no centro da cidade. Que fato magnífico: poder transitar pelos casarões do passado, observar as particularidades, o estilo, os detalhes, o fausto de um momento da história brasileira. O que será dentro de 50 anos ou mais, os tesouros pindenses para as gerações que virão, pelas manutenções dos remanescentes imperiais. Dar vida aos nossos marcos do passado e preservá-los para destinação de interesse popular, é pensar grande e conservar para a posterioridade o que restou de tempos idos. Neta esteira do pensamento conservador, Pinda ainda nos deve a manutenção da Estrada de Ferro Campos do Jordão, ora desativada temporariamente por questões de segurança, além do Sitio das Águas Claras e outros monumentos listados. O mesmo ocorre com Tremembé, cujas fazendas, mosteiro e basílica, devem ser mantidos em estados de perenes tombamentos. É com lastima que o Condephaat, atarefado e sem verbas, venha a se esquecer dos monumentos interioranos, principalmente no Vale do Paraíba, região de alta concentração das raízes paulistas e brasileiras. Cabe assim aos gestores municipalistas a preocupação com os bens públicos, de forma a impedir a deterioração que teima em dar cabo dos marcos históricos. Em uma sociedade com graves questões sociais, parece insano destinar dinheiro para a preservação do passado, mas na prática é investimento que as gerações futuras agradecerão. Mesmo o turismo, a chamada industria sem chaminés, será beneficiado. Nas áreas rurais de Pindamonhangaba, Taubaté e Tremembé, existem ainda verdadeiros tesouros de capelas, igrejas, solares e outros locais que devem ser preservados. Infelizmente, os nossos administradores se preocupam muito com os votos nas urnas e pouco com a nobreza de antigamente. O que fazer quando se pensa pequeno? Os exemplos contrários estão nos magníficos castelos medievais e nas quintas portuguesas, atrações de interesse internacional para milhares de turistas. Já se fala - no futuro - na triangulação com as fazendas de café da região e o Estado do Rio de Janeiro restaurou onze propriedades agrícolas daqueles idos. O vale paulista ainda se rasteja na penúria do intelecto apequenado de seus dirigentes, esquecendo-se da história. A Universidade de Taubaté vem, contudo, restaurando o casarão que pertenceu a Viscondessa de Tremembé, nas esquinas das ruas XV de Novembro com Barão da Pedra Negra, oferecendo o seu estimulo, restrito é verdade, para com a preservação da história. O que dizer então do roteiro das fazendas de café criado pela mente privilegiada do professor Paulo Camilher Florençano? O editor da revista Paulistana deixou uma vasta literatura sobre o patrimônio histórico, da mesma forma a professora Maria Morgado de Abreu e o ex-prefeito Bernardo Ortiz, cujos livros retratam com profundidade o que foi o Vale do Paraíba. Na atualidade o jovem pesquisador Pedro Rubin tem se preocupado com a história vivida no século XX, utilizando a tecnologia da Internet (Almanaque Urupês) e a TV pública para documentar com entrevistas e depoimentos, a nossa história. São fatos significativos no deserto de iniciativas em que vivemos, assemelhando-se aos oásis dos conhecimentos perenes. O presente esquece o passado que deveria ser o futuro do incipiente turismo histórico.
terça-feira, 23 de junho de 2009
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